sexta-feira, 21 de abril de 2017

Metrô: contraste entre SP e Seul

Imagine uma metrópole emergente que, diferentemente de cidades da Europa e dos EUA, demorou para começar a construir sua rede de metrô e inaugurou a primeira linha só em 1974.

Com mais de 10 milhões de habitantes na capital e de 20 milhões na região metropolitana, enfrentou nas últimas quatro décadas períodos de boom e de derrocada econômica, além de eventos esportivos mundiais que poderiam impulsionar a infraestrutura de transporte. Foi assim em São Paulo, foi assim em Seul.

Hoje, a metrópole paulista tem 78 km e 68 estações de metrô, enquanto a coreana tem 327 km e 302 estações.

Ou seja, apesar de pontos de partida e características semelhantes, Seul conseguiu adotar um ritmo de expansão equivalente a quatro vezes a velocidade de construção em São Paulo, a cargo do governo, controlado pelo PSDB há mais de duas décadas.

As duas capitais comemoram 40 anos de relação como "cidades irmãs" -ou "gêmeas", nas palavras do embaixador brasileiro na Coreia do Sul, Luis Fernando de Andrade Serra. Essa irmandade foi um dos motivos para a visita do prefeito João Doria (PSDB) a Seul nos últimos dias.

Embora a evolução da renda nos dois países tenha tido rumos distintos nas últimas décadas, os fatores para explicar essa disparidade no ritmo de expansão do metrô vão muito além da falta de dinheiro, ainda que esse seja um dos pontos a serem considerados.
Os motivos passam por decisões políticas de diferentes instâncias de governo, participação federal pesada nos investimentos, parceria privada já consolidada, trâmites burocráticos simplificados, menor dificuldade para obras nas ruas e soluções criativas.

SP X SEUL
Apesar de terem começado a construir metrô na mesma época, metrópoles adotaram ritmos muito diferentes
Cidade
São Paulo
Seul
Estações de metrô
68
302
Inauguração da primeira linha de metrô
1974
1974
Linhas de metrô
6
9
Passageiros, em milhões por dia
4,7
6,9
População da cidade
12 milhões
10 milhões
População da região metropolitana
21 milhões
25 milhões
Rede atual de metrô, em km
78
327
Fonte: Folha de São Paulo - 16/04/2017 

Economia da América Latina entra numa zona de risco elevado

A América Latina vê seu futuro escapar. A crise do petróleo, o agravamento das tensões na Venezuela, no Brasil e na Argentina e o fim da bonança econômica turvam o sonho de um equilíbrio continental e reavivam o fantasma de turbulências do passado. Há alguns meses a incerteza se estende por este espaço de 605 milhões de habitante.

A América Latina há muito tempo abandonou o crescimento na faixa dos 5%, e agora, quando muito, hiberna. A previsão do FMI para este ano é de apenas 1,3%, praticamente a metade da cifra dos países desenvolvidos. Essa anemia, numa região com quase 170 milhões de pobres, ameaça jogar por terra os progressos da última década e aumentar o potencial de conflito político. “Os avanços sociais obtidos correrão riscos à medida que o ritmo de redução de pobreza for freado devido à desaceleração”, adverte Jorge Araújo, assessor do Banco Mundial para a América Latina.

Entre as causas do declive figuram a fragilidade da economia europeia e, sobretudo, a fadiga da China, incapaz de manter o alucinante ritmo de compra de matérias primas oriundas das economias austrais. Nesse contexto de debilidade internacional, a região sofreu um golpe inesperado e profundo: a queda dos preços do petróleo. A constatação de que não se trata de uma desvalorização provisória, e sim de um novo ciclo, acendeu os alarmes. Os países exportadores adotaram, com diferentes intensidades, cortes dos gastos públicos. Especialistas consideram que o baque poderá ser superado, mas deixará sequelas. “Graças às reformas políticas adotadas desde os anos noventa, a maioria de países da área está bem posicionada para enfrentar choques externos”, afirma Hamid Faruqee, economista do FMI.

México: possivelmente o país latino-americano mais bem preparado para resistir ao solavanco, resume os paradoxos do novo cenário. Embora seus cofres públicos ainda dependam em 30% dos dividendos petrolíferos, há décadas o país se esforça em diversificar sua economia e reduzir sua dependência em relação ao produto – de fato, em 20 anos a participação petroleira no PIB caiu de 11% para 5,9%. Apesar disso, a forte desvalorização do petróleo e o ajuste fiscal promovido pelo Governo, com o consequente efeito dominó numa estrutura econômica ainda imatura, reduziram suas perspectivas de crescimento para este ano e o próximo, impedindo a decolagem para os 5%, o objetivo político mais cobiçado.

Colômbia:  até recentemente uma locomotiva, já reduziu suas expectativas e encara um histórico processo de paz que consumirá grande parte de suas energias.

Brasil: O gigante do Hemisfério Sul, protagonista do milagre da década, atravessa agora uma tempestade perfeita. Seu PIB declina até a insignificância (previsão de 0,3% neste ano), enquanto sua liderança política, um de seus grandes trunfos, definha sob uma maciça onda de descontentamento e escândalos de corrupção.

Argentina: por sua vez, atravessa um amargo fim de ciclo, em situação recessiva e com uma inflação de 30% ao ano, enquanto sua presidenta, Cristina Fernández de Kirchner, prepara-se para encerrar seu mandato deixando uma nação consumida por uma extrema polarização política.

Venezuela: um país que vive em choque permanente, e ao qual a crise do petróleo (responsável por 95% das exportações) deixou à beira colapso. O regime chavista, com a maior inflação do planeta, gira atualmente sem um centro gravitacional conhecido, eternamente confrontado com os Estados Unidos e desvalorizado por uma repressão política de consequências imprevisíveis.

Nesse horizonte tormentoso, muitos olhares se voltam para a grande potência do norte. Washington, com sua renascida pujança, representa para muitos países a única esperança de reativação regional, e inclusive como substituto do colosso chinês. Mas os Estados Unidos também constituem uma ameaça: a mais que possível alta dos juros no segundo semestre poderá absorver fluxos de capital que até agora se direcionam para os países emergentes. O efeito seria imediato, algo semelhante a tirar a gasolina de um carro. A América Latina, embora muito longe dos desequilíbrios de décadas passadas, entrou em uma zona de risco elevado. Fonte: El País - 9 ABR 2015  

Comentário: O país que especializa em exportação de matérias-primas, apresenta um ciclo, em que os economistas denominam doença holandesa, quando o câmbio é favorável e a abundância de recursos naturais gera vantagens  levando-o a se especializar na produção desses bens e deixando o setor industrial em processo de desindustrialização ou menos competitivo,  o que, a longo prazo, inibe o desenvolvimento econômico. Acrescentando a política de consumo  e fatores externos tais como, redução do crescimento, e a valorização cambial, as exportações (preços) se tornam menos competitivos internacionalmente. A pobreza continuará na América Latina. A América Latina olha para o passado tentando corrigir os erros e esquece o futuro. A nova revolução tecnológica requer mais educação e menos demanda para o trabalho. A robotização da economia está cada vez mais comprimindo o mercado de trabalho e a América Latina parece mais uma locomotiva a vapor competindo num mercado mundial que utiliza trem de alta velocidade. 

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Forças contra a modernização tecnológica

Em face da iminente necessidade de elevar a produtividade do trabalho e modernizar os processos produtivos, seria absurdo querer bloquear a entrada das modernas tecnologias nos processos produtivos por meio de leis.

Para muitos, pode ser surpreendente saber que isso pode ser feito no Brasil com base no inciso XXVII do artigo 7.º da Constituição federal, que estabelece uma proteção contra a automação. Não é brincadeira, pois muitos parlamentares já conseguiram aprovar leis inibidoras de tecnologia com base nesse princípio. Por exemplo, Aldo Rebelo (PCdoB/SP), atual ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, é autor da Lei n.º 9.956, que proíbe a instalação e o funcionamento de bombas de autosserviço nos postos de gasolina. Na mesma trajetória, propôs a proibição de catracas automáticas nos veículos de transporte coletivo, que deu origem a várias leis estaduais e municipais. Tais proibições redundaram num forte impedimento para baixar o custo dos combustíveis e do transporte público para os consumidores e usuários.

No rol dos que buscam frear o avanço tecnológico estão os parlamentares que pretendem estabelecer indenizações pagas aos empregados que trabalham em empresas que tentam substituir mão de obra por automação. Há, também, os que exigem a manutenção da estabilidade dos empregados pelo prazo que se fizer necessário para o seu treinamento e realocação em outras funções. São inúmeros os projetos de lei que visam a submeter a adoção de inovações tecnológicas ao aval dos sindicatos laborais.

Nos textos das entidades sindicais vê-se com frequência a recomendação para os sindicatos atuarem fortemente junto às empresas para impedir a modernização tecnológica que redunde em substituição de empregados, nos moldes do movimento dos ludistas que foram contra as inovações da Revolução Industrial no início do século 19.

No mundo jurídico, igualmente, vários autores defendem a regulação da modernização tecnológica por meio de expedientes inibidores como, por exemplo, a exigência de aumento de salário para os empregados remanescentes depois das dispensas de seus colegas relacionadas à automação.

Condutas desse tipo conspiram contra a produtividade do trabalho, a competitividade das empresas e o progresso do País. Sim, porque os nossos concorrentes não estão parados. Basta ver o seguinte: em 1980, a produtividade do trabalhador brasileiro era 670% maior do que a do chinês e 70% menor do que a do americano. Hoje, é 80% inferior à americana e 18% menor que a chinesa. No período considerado, a produtividade dos chineses cresceu 895%, enquanto a dos brasileiros aumentou meros 6% (Jorge Arbache, Sem inovação produtividade do país sobe só 6%, Valor, 13/10/2014). Ou seja, a corrida pela competitividade é feita em relação a um ponto móvel.

O Brasil está muito atrasado na implantação de inovações tecnológicas nos sistemas produtivos. Na União Europeia, só em 2014, foram registradas 274 mil patentes. No Brasil, ao longo dos últimos 30 anos, foram registradas apenas 41 mil patentes. Com isso, nosso país ocupa o penúltimo lugar no rol de patentes disponíveis, perdendo apenas para a Polônia, que ficou 45 anos debaixo do atraso comunista. E, no campo da competitividade, ocupa a 56.ª posição entre os 61 países estudados avaliados nesse campo.

O Brasil não pode ficar fora da modernização tecnológica. Os analistas do mercado de trabalho são unânimes ao afirmar que a tarefa mais urgente para ganhar competitividade e gerar empregos é a elevação substancial da produtividade do trabalho com base em melhoria do ensino e incorporação de inovações nos processos produtivos.

Não é o que pretendem os legisladores populistas que se apoiam numa Constituição para conspirar contra a modernização tecnológica. É incrível, mas é verdade. Desconheço caso semelhante em outros países.Fonte: O Estado de S.Paulo-José Pastore - 02 Junho 2015

Comentário: O Brasil está cheio de ludistas; Movimento Sem Terra, Movimento das Mulheres Camponesas, Movimentos Sociais, Sindicalistas, etc. É o país dos Fred Flintstones e Barney´s Rubble. O futuro do país é projetar, fabricar carroças. 

O ludismo (ou luddismo) foi um movimento que ia contra a mecanização do trabalho proporcionado pelo advento da Revolução Industrial. Adaptado aos dias de hoje, o termo ludita (do inglês luddite) identifica toda pessoa que se opõe à industrialização intensa ou a novas tecnologias, geralmente vinculadas ao movimento operário anarcoprimitivista.

As reclamações contra as máquinas e a sua substituição em relação à mão-de-obra humana, já eram normais. Mas foi em 1811, na Inglaterra, que o movimento operário estourou, ganhando uma dimensão significativa.

O nome deriva de Ned Ludd, personagem criada a fim de disseminar o ideal do movimento operário entre os trabalhadores. Os luditas chamaram muita atenção pelos seus atos. Invadiram fábricas e destruíram máquinas, que, segundo os luditas, por serem mais eficientes que os homens, tiravam seus trabalhos, requerendo, contudo, movimentos operários e duras horas de jornada de trabalho. Os luditas ficaram lembrados como "os quebradores de máquinas".

Para além de histórico, este termo representa também um conceito político, usado para designar todos aqueles que se opôem ao desenvolvimento tecnológico ou industrial. Estas pessoas são também chamadas de "luddites", em inglês, ou "luditas", em português, e o movimento social é hoje conhecido como o neoludismo.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Motoboys entregavam propina em casa

O delivery da corrupção cobria entregas nos gabinetes da Esplanada dos Ministérios e até nas casas de políticos.

 Os delatores da Odebrecht contaram detalhes de um sistema de delivery para entregar propina em casa. A entrega era feita por motoboys - como se fosse um pedido de pizza. Em vez de pizza, o motoboy levava um envelope. E dentro do envelope, a propina.

Delatores descreveram os locais de distribuição de suborno. O delivery da corrupção cobria entregas nos gabinetes da Esplanada dos Ministérios e até nas casas de políticos.
Os delatares contaram também que, depois do acerto, tinha uma combinação das datas das entregas do dinheiro, que eram feitas duas ou três semanas depois. E aí a empresa decidiu fazer esquema de delivery mesmo, para evitar riscos. E só recebia quem dizia a senha.

“Eu passava para o motoboy, eu punha num envelope porque eu ficava com medo, nessa época já existia grampo, já existia esse tipo de coisa. Então, eu punha num envelopinho, mandava para o motoboy, ele ia entregar lá no Centro, ele pegava e aí ele se virava”, detalha Fábio Gandolfo. Fonte: Bom Dia Brasil - Edição do dia 18/04/2017

terça-feira, 18 de abril de 2017

Corrupção: Somos todos coniventes

O Poder Público é tão distante da realidade dos brasileiros que perdemos a noção para que servem os mandatos

A corrupção da qual acusamos os políticos é um câncer que corrói toda a sociedade brasileira, sem distinção, por mais que teimemos em, individualmente, rechaçar essa acusação. É sempre mais fácil lidarmos com algo que encontra-se no horizonte, como possibilidade, que admitirmos nossa participação efetiva em algo que condenamos. Por isso, aceitamos que existe uma grossa corrupção “lá” em Brasília, mas nos ofendemos quando alguém ilumina-a em nosso cotidiano.

Reprovamos o comportamento dos políticos, que se enriquecem com negociatas sem temer qualquer punição, pois sabem eles, sabemos todos, que o direito no Brasil ainda se baseia em três premissas clássicas, que compõem o catálogo da sabedoria popular: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, “para os amigos, tudo, para os inimigos, os rigores da lei”, “a cadeia serve apenas para os três pês: preto, pobre, prostituta”. A legislação é costurada de tal maneira confusa e contraditória que pode ser usada contra ou a favor, dependendo do poder que emana da pessoa julgada. Nesse sentido, a mão da justiça quase nunca alcança os ricos... Mas os pobres são tratados aos pontapés...

O exercício da corrupção está de tal maneira arraigada na cultura brasileira que muitas vezes nem percebemos que repetimos em nosso dia a dia hábitos e práticas que censuramos nas esferas da administração pública. O Brasil é o segundo país do mundo em sonegação fiscal, só perdendo nesta categoria para a Rússia. Estima-se que os brasileiros sonegam cerca de 28% do total da arrecadação de impostos, o que representa 13% do PIB. Quantos profissionais liberais que conhecemos que recebem “por fora” para prestar um serviço, ou seja, não emitem recibo, com a nossa conivência? Quantos de nós declaram ao Fisco exatamente o que recebemos como pagamento?

E quantas vezes já deixamos “uma cerveja” para o policial rodoviário “quebrar o galho” e não nos multar nas estradas? Quantas vezes demos “um cafezinho” para ser melhor tratados num ambiente social? Quantas vezes aumentamos o valor da gorjeta em restaurantes para que o garçom nos sirva com mais eficiência? Quantas vezes usamos de nossa influência para resolver algum problema burocrático em algum órgão público? Quantas vezes burlamos a legislação? Quantas vezes, enfim, usamos o tal “jeitinho brasileiro” para resolver nossos problemas?

Enquanto não admitirmos que a prática da corrupção impregna nosso cotidiano e que somos coniventes com ela, não conseguiremos dar o passo seguinte que é o de elegermos políticos comprometidos com uma plataforma de alcance coletivo e não políticos cujos interesses limitam-se a projetos de manutenção de poder, sejam eles particulares ou partidários. E temos que pensar em resolver isso logo, antes que, seja tarde demais. Fonte: El Pais - 27 Mai 2014

Comentário: A política é  o reflexo da sociedade. O Brasil quer crescer sem valores. Tudo é permitido. A corrupção faz parte do cotidiano da sociedade. O lema é levar vantagem.

Os vegetarianos e a tentação da carne


Pesquisa feita no Reino Unido aponta que 37% dos vegetarianos acaba não resistindo à tentação depois de uma noitada. A maioria recorre a kebabs, hambúrgueres e bacon, e muitos admitem manter a escapada em segredo.

Mais de um terço dos vegetarianos não resiste à carne quando está sob influência do álcool, aponta uma pesquisa conduzida no Reino Unido e divulgada nesta semana.

A sondagem feita com cerca de 2 mil vegetarianos foi encomendada pelo site britânico voucherscodespro.co.uk. Quando indagados se comiam carne ocasionalmente quando bêbados, 37% admitiram que sim.

"Eu não conseguia acreditar nas estatísticas desta pesquisa. Conheço alguns vegetarianos que às vezes têm desejo de carne, mas parece que alguns estão cedendo ao desejo quando bêbados", disse o fundador do site, George Charles.

Destes 37% que admitiram ceder à tentação, 34% relataram comer carne toda vez em que ficam bêbados, e 26%, com frequência.

Kebabs, hambúrgueres e bacon são as comidas "proibidas" às quais os entrevistados disseram mais sucumbir, seguidas de frango frito e salsicha. Dos entrevistados, 69% disseram não contar para ninguém depois te ceder à tentação. Deutsche Welle - Data 09.10.2015

Comentário: Quem diria, o vegetariano verdadeiro, tem seu momento de fraqueza. A fraqueza humana. As fraquezas ou as tentações  estão sempre diante de nós, comemos pelo olhar (fantasia) ou comemos para sentir o paladar. O vegetariano tem aquele momento em que a tentação predomina e pode tirar o seu sono. Comer ou não comer? Coitado dos vegetarianos as tentações estão em todos os lugares. O álcool é o rivotril  do vegetariano, cede a tentação e saboreia um apetitoso hambúrguer, carne, etc.

domingo, 16 de abril de 2017

Odebrecht diz estar 'incomodado' com 'surpresa' da imprensa sobre delações

Em depoimento ao Ministério Público, Emilio Odebrecht disse se sentir "incomodado" com o fato de, segundo ele, a imprensa tratar as revelações da empreiteira que leva seu sobrenome "como se fossem surpresa".

"O que nós temos não é de cinco, de dez anos. É de trinta anos. Esse sistema era um negócio institucionalizado, normal. O que me surpreende – e quero enfatizar – é quando vejo todos esses poderes, a imprensa, tudo, como se isso fosse surpresa. Me incomoda isso", afirmou.
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Por escrito, antes de depor, ele sustentou que "tudo isso acontecia 'nas barbas' das elites brasileiras (políticos, empresários, imprensa, entidades representativas)".

"Era do conhecimento explícito ou implícito de todos ou pelo menos da maioria dessas elites. A aceitação era generalizada e todos se acomodavam por motivos individuais e diversos", escreveu.

Também anotou nos papéis entregues que há um interesse recíproco no estreitamento de relações entre agentes públicos e o setor privado.

"Seja para apoiar projetos e ações legítimas em razão do seu simples mérito, seja para condicionar seu apoio, mesmo a projetos e ações legítimas, a contrapartidas financeiras indevidas", escreveu.

Em um dos anexos que ofereceu por escrito para firmar sua delação premiada, o patriarca do Grupo Odebrecht, Emilio Odebrecht, relatou ter dito a Lula que o "pessoal dele estava com a 'goela muito grande'".  "Estavam passando de 'jacaré para crocodilo'", escreve. Fonte: Folha de São Paulo - 13/04/2017