sábado, 22 de abril de 2017

Ainda faz sentido exigir que crianças saibam a tabuada de cor?

Antigamente, saber a tabuada de cor e poder fazer algumas contas de cabeça era uma necessidade cotidiana. Na padaria, no açougue, na mercearia - quem não soubesse contar seus miúdos corria o risco de sair com o troco errado. Hoje, na era das calculadoras e dos smartphones, será que habilidades como essas se tornam obsoletas? E que outras aptidões são necessárias para que as crianças de hoje vivam bem no século 21?

As calculadoras começaram a aparecer nas salas de aula do ocidente na década de 1970. Elas já existiam antes, mas à medida que seu preço e tamanho diminuíam, os modelos foram se multiplicando. Junto com a tecnologia, vieram os questionamentos.

Em que medida as calculadoras interferem na capacidade das crianças de raciocinar e resolver problemas? Mais recentemente, será que os novos minicomputadores estariam prejudicando a inteligência das crianças ao impedir que aprendam rudimentos de matemática?

Por outro lado, na era da cibernética, será que as crianças deveriam aprender sobre outros assuntos, como a internet ou técnicas de codificação? Ainda é importante aprender caligrafia, ou seria a digitação mais apropriada para o século 21?

No Reino Unido, com frequência líderes empresariais reclamam da falta de preparo dos adolescentes britânicos ao completarem seus estudos. Recentemente, o diretor da Confederação da Indústria Britânica (CBI, na sigla em inglês), John Cridland, declarou que ainda há problemas em áreas como alfabetização e matemática elementar no país. No passado, a CBI também criticou a falta de sociabilidade dos adolescentes - sua falta de habilidade na comunicação, suas posturas e comportamentos.

Para a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), a leitura, escrita e aritmética formam a base fundamental na educação.

Alfabetização e matemática elementar, solução de problemas e criatividade são, portanto, aptidões e habilidades que todas as crianças devem desenvolver. Mas segundo John Edwards, diretor da empresa espanhola de codificação DragonFly, falta uma, sociabilidade.

Edwards disse que todos os anos entrevista muitos candidatos a empregos na companhia, a maioria dos quais já tem grande conhecimento técnico. Ele descreveu uma entrevista recente, feita por Skype, com um candidato que acabou sendo contratado. "Ele era articulado e educado. Esses são atributos que deveriam ser ensinados a todas as pessoas porque saber se colocar é muito importante." "É claro que precisam ter habilidades técnicas, mas se eles já as possuem, faço a seleção usando o critério da sociabilidade." E além de entender de codificação - precisam também saber a tabuada? "Eu prefiro que as pessoas saibam (a tabuada) em vez de pegarem a calculadora", disse Edwards. "Não para que sejam capazes de recitá-la - mas para provar que têm a habilidade de aprender." Fonte: BBC News - 4 fevereiro 2015

Comentário: É uma forma de desenvolver a parte cognitiva, que envolve  diversos fatores como o pensamento, a linguagem, a percepção, a memória, o raciocínio etc., que fazem parte do desenvolvimento intelectual. Segundo os cientistas, o acesso permanente à internet modificou a maneira como armazenamos o conhecimento. Ao depararem com uma pergunta, logo pensamos  procurar em sites de busca e outras ferramentas para encontrar a resposta, em vez de tentar lembrar resposta certa por conta própria. É uma forma diferente de trabalhar a mente, o que não quer dizer que seja pior. O que se deve evitar é a acomodação, o cérebro também precisa trabalhar para se manter funcionando bem.  

Hoje a maioria das crianças não sabe  as quatro operações fundamentais da aritmética.

De acordo com os  dados da Prova ABC, realizada pela ONG Todos Pela Educação em 2013, para as crianças do 3º ano fundamental, os resultados foram os seguintes;

Aos 8 anos, 70,8% das crianças não sabem matemática

Em leitura foi de 60,3% e em escrita, de 74,1%.

Segundo os coordenadores da avaliação, os resultados mostram que as crianças escrevem pior do que leem e indicam certo abandono do ensino de matemática.

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