terça-feira, 29 de março de 2011

Morre aos 79 anos o ex-vice-presidente José Alencar

Desde 1997, ele lutava contra o câncer. Nos últimos quatorze anos, Alencar foi internado diversas vezes
O ex-vice-presidente da República José Alencar morreu por falência múltipla dos órgãos nesta terça-feira (29), aos 79 anos. A informação foi confirmada às 14h45 pelo o canal de TV Globo News. Alencar lutava contra um câncer na região do abdôme e estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde segunda-feira (28), com um quadro de suboclusão intestinal.
Desde 1997, ele lutava contra o câncer. Nos últimos 14 anos, Alencar foi internado diversas vezes, passou por um tratamento experimental nos Estados Unidos e se submeteu a dezesseis cirurgias. Fonte: Gazeta do Povo - 29/03/2011
Comentário: Foi um grande lutador contra o câncer. 

sábado, 26 de março de 2011

Hora do Planeta

As luzes em mais de 130 países e pelo menos 98 cidades brasileiras serão apagadas entre 20h30 e 21h30 deste sábado (26). A chamada Hora do Planeta (ou Earth Hour), maior evento do tipo no mundo, pretende chamar a atenção para as mudanças climáticas, o aquecimento global e a economia de energia.

Comentário:
É mais um evento cosmetológico. Todos param, fazem reflexão para um Planeta mais limpo. Mas quando retornam as luzes para iluminar o Planeta,  vem à realidade de cada um;  pega sua SUV,  vai para  seu restaurante predileto, seu fast food, para sua tribo de consumo. Discute o que é mais moderno em tecnologia consumista, carros, Ipod, Ipad, tablets, etc. O consumismo cresce em progressão geométrica e o Planeta produz em progressão aritmética. O consumismo atual ultrapassou a fase da satisfação de sua  necessidade, para o consumismo do desejo, do prazer. É o principio do quero mais, quero mais.etc.

Vejo o caso de São Paulo, em março a frota de veículos da cidade atingiu 7 milhões  de veículos.
O mais surpreendente é que São Paulo tem 17 mil quilômetros de vias pavimentadas. Se unisse todos os veículos, a  frota atual formaria uma fila de 26 mil quilômetros. São Paulo é a Califórnia de veículos,  o congestionamento inicia logo cedo em algumas avenidas, queima combustível desnecessário, poluição desnecessária,. O automóvel  é status de riqueza da cidade e do cidadão. 
Apagar as luzes da cidade para chamar  a atenção do Planeta é a mesma coisa apagar os faróis dos carros e continuar trafegando, queimando combustível.

Japão reconstrói rodovia destruída por terremoto em apenas seis dias


Estrada fica em Naka, na província de Ibaraki. Foi recuperado trecho de 150 m que faz ligação com Tóquio.

Uma rodovia destruída pelo terremoto do dia 11 de março em Naka, na província de Ibaraki, no norte do Japão, foi reconstruída em apenas seis dias pela empresa responsável. Foi recuperado um trecho de 150 metros que faz ligação com a capital Tóquio. Fonte: G1, em São Paulo-24/03/2011 

Comentário: Imagino no Brasil, na  terra da burocracia
Critérios de licitação
■ Dispensa de licitação para valores menores
■ Carta Convite
■ Tomada de preços 
■ Concorrência   
A coisa é complicada.
Habilitação para participar: Uma série de documentos são exigidos na fase de habilitação. O volume da burocracia vai depender da modalidade de licitação.
A empresa precisa comprovar:
Habilitação jurídica - são documentos como registro comercial ou contrato social da empresa.
Regularidade Fiscal - são documentos como inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes e provas de regularidade na Fazenda Pública (federal, estadual e municipal) e Seguridade Social.
Qualificação Técnica - são documentos como inscrição na entidade profissional competente e comprovação de aptidão para a atividade assinada por terceiros.
Qualificação econômico-financeira - são documentos como balanço patrimonial e demonstração financeira da empresa e certidão negativa de falência.

Além disso, na habilitação, o concorrente terá que apresentar os critérios técnicos e a proposta de orçamento, normalmente, em envelope marcado.

A escolha do vencedor: Finalmente chega o dia da licitação. Nessa fase, há uma grande importância o ritual que será feito. A Comissão de Licitação é a coordenadora da licitação. As empresas terão de entregar seus documentos de habilitação e suas propostas comerciais. E que vença o melhor, de acordo com o  tipo da licitação escolhido no edital, é claro.

Para que o processo seja considerado transparente, todos os concorrentes têm acesso a todas as propostas, inclusive, rubricando os documentos. Além disso, tudo o que acontece nessa reunião é registrado em ata, mas mesmo anunciado o vencedor, o processo ainda não acabou.

Contestando a licitação
Durante todo o processo de licitação, é possível contestar o seu andamento. As formas usadas para isso são:
1) Pela vias administrativas
2) Pela via judicial

Vencendo a licitação: Finalmente a empresa foi escolhida após percorrer as fases de habilitação, julgamento de propostas e recursos, falta apenas assinar o contrato.
Esqueci o mais importante: De posse do custo inicial estimado a Administração Pública deve verificar se há recursos no orçamento que assegurem o pagamento das obrigações decorrentes das obras a serem executadas no exercício financeiro

No Brasil   o prazo mínimo para fazer esse reparo seria de 30 dias.  Ou o que é comum no país, sem previsão de começo. Ou o tipo de serviço só será definido após a entrega do laudo técnico, que também não tem prazo para conclusão. Ou para acelerar a obra arrumar o jeitinho de entrar no programa do PAC (PAC - Programa de Aceleração do Crescimento.). Esse é Brasil do futuro.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Carta a um desempregado



Caro cidadão Luiz da Silva, como você está se sentindo agora que retornou à planície? Na verdade, apenas trocou de Planalto - para o Paulista. É duro ficar ocioso. Permanecer em casa o dia inteiro é uma coisa enfadonha. Ainda mais quando não se tem o hábito da leitura.

A sua mulher não deve estar gostando nem um pouco dessa situação. A presença constante dos maridos no lar, como se sabe, perturba o andamento das lides domésticas.

Problemas financeiros, ao que parece, você não tem. Como é sabido, os seus antigos amigos - com grande desprendimento - cuidam de lhe prover de tudo. Mas haja tédio. Além da insegurança quanto ao futuro, essa condição abala a autoestima das pessoas.

Quase todos os governantes, enquanto estão no comando, acreditam que vão tirar de letra. E quando seus mandatos terminam caem em depressão.

São poucos os que o visitam na sua casa e são raros os que ainda lhe telefonam.

E se, de repente, você ouvir ruídos na porta?

Não se preocupe. São apenas folhas secas levadas pelo vento.

Por que você não telefona para a nova intendente? Ela, por enquanto, ainda vai atendê-lo. Anotará, atenciosamente, as suas recomendações e depois fará tudo diferente. Não fique aborrecido. Já está muito bom. Pior vai ser quando ela trocar os telefones e não lhe comunicar os novos números.

"A companheira tem muito que fazer", deduzirá você. Procurará, então, deixar um recado com a secretária dela. Impossível. Virá à linha uma assessora, com voz impessoal para lhe dizer que, no momento, a secretária da chefa não pode atender.

"Por quê?"

"Ela está "em reunião". Daria para o senhor adiantar o assunto?"

"O que é isso, companheira?! Aqui quem está falando é o ex-presidente!"

"Qual deles? Tem tantos..."

"Eu, é claro!"

"Ah! Eu acho que estou reconhecendo a sua voz. "Você" não é aquele senhor sexagenário que desceu a rampa no dia do réveillon?"

"Sou! Veja aí, no caderno de "autoridades" que deve estar em sua mesa!"

"Não vai dar, não. A agenda que tem aqui é antiga, do ano passado."

"Então eu vou pessoalmente até aí, amanhã!"

"Pode vir. O problema é que a porta que dá para a rampa fica trancada durante a semana. Venha no domingo, que fica aberto para visitação."

Você, enraivecido, desliga o telefone. Vai abordar a "companheira-em-chefe" em alguma cerimônia pública. Isso se os seguranças dela permitirem.

Por falar nisso, cidadão, por que você faltou ao almoço em homenagem àqueles americanos que estavam aqui, em férias? Sua ausência não pegou bem. Deu a impressão de que não gosta dos gringos. Ou, então, que não vai a festas em que os holofotes não estejam sobre você.

Todos os seus antigos colegas foram. E olhe que muitos deles, apesar de aposentados, ainda estão na ativa. Ficou feio para você.

Mudando de assunto, você pretende voltar ao serviço? Eu estou lhe perguntando isso porque, se você tem essa intenção, o grande problema é que a senhora sua sucessora vai querer renovar o contrato. E nesse cargo só cabe um.

Em outras palavras, o que acontece é o seguinte: para você se dar bem ela tem de se dar mal. E vice-versa. Entendeu agora por que ela não segue os seus conselhos?

A gente não tem ainda uma imagem clara de como será a sua gestão. Ela tem aparecido pouco, mas dizem que é competente. Ou seja, o contrário de você.

Ao menos para o paladar da "zelite", ela é muito melhor do que você e a sua "companheirada". A "zelite" somos todos nós que lemos jornais. Eu daria a isso outro nome: opinião pública bem informada.

Bem, para que a gente não brigue, vamos falar de outras coisas. O que é que você pretende fazer da vida, por enquanto?

Pelo que corre por aí, ora você pretende montar um instituto, ora você se oferece para atuar em algum órgão internacional. Você mesmo já declarou que pretende passar o ano inteiro percorrendo o Brasil para provar que nunca houve corrupção na sua gestão.

Já ouvi também que o seu "sonho de consumo" é ser eleito secretário-geral da Organização das Nações Unidas. O pessoal de lá, diplomaticamente, já mandou avisar a você que não vai dar. O titular desse cargo - alegam eles - é eleito pelo critério de rodízio entre os continentes. A nossa vez já passou.

Como isso não será possível, fala-se por aí que você aceitaria um posto menor: iria morar em Roma e trabalhar na Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

A ideia, nesse caso, seria a de levar aos desvalidos do mundo - principalmente da África - a sua tecnologia de "combate à fome". Por acaso você pretende ressuscitar o finado Fome Zero? Ou vai propor a eles algum tipo de Bolsa-Família? Cuidado para não ser acusado de plágio. Ao que eu saiba, não foi você que criou. Você apenas pegou alguns programas que já existiam e tratou de juntá-los em um só.

Aliás, por falar nisso, onde é que anda o Amorim? Alguém falou que ele iria trabalhar com você no "instituto". E também ouvi que ele está ainda indeciso entre outras três propostas internacionais de emprego: da Bolívia, da Venezuela e do Irã.

Outro dia pude ler aqui, no jornal, uma justificativa sua por não ter comparecido ao banquete de Brasília: você não queria ofuscar a sua sucessora.

Você ainda não entendeu que fora do poder - e não sendo mais novidade - aquilo que faz não é mais notícia.

Como dizem os árabes, "uma mosca escura, numa mesa escura, numa noite escura: somente Deus a vê".

Cidadão Luiz Inácio, é melhor você aprender a rezar. Fonte: O Estado de S. Paulo - 25/03/2011- Autor: João Mellão Neto 

quinta-feira, 17 de março de 2011

Ausência de saques após terremoto no Japão

Preparo e espírito de grupo explicam ausência de saques após terremoto
Tremor seguido de tsunami devastou a costa nordeste do Japão.
Quatro dias após o terremoto, não foram registrados episódios de violência.

O desespero, a destruição e o caos que o Japão enfrenta desde o terremoto e o tsunami que assolaram o país na última sexta-feira foram vistos também no Haiti e no Chile, ano passado. Mas, ao contrário dos países ocidentais, o Japão enfrenta a crise humanitária de uma forma mais organizada e menos violenta. Até agora, nenhum episódio de saque ou briga foi registrado no país, o contrário do que ocorreu no Haiti, que precisou da intervenção do Exército e de forças da ONU, e da cidade chilena de Concepción, que teve de decretar toque de recolher após quase todas as lojas da cidade terem sido roubadas.

A explicação para isso, segundo estudiosos de Japão está num conjunto de aspectos históricos, sociais, políticos e até religiosos, além do enorme preparo que o país tem para lidar com esse tipo de catástrofe. "É aquele lugar comum de dizer que os japoneses são educados para trabalhar em grupo. É uma ênfase diferente do que acontece no Ocidente de modo geral. No Japão, desde pequenos, eles aprendem a trabalhar em grupo. Essa característica é um fator que conta bastante. Depois, tem o fato de pensar na coletividade", explica Ronan Alves Pereira, professor de estudos japoneses da Universidade de Brasília (UnB).

"Há uma orientação a não se apropriar das coisas dos outros. Não quer dizer que não exista, mas os índices de roubo e criminalidade são muito mais baixos do que em muitos países ocidentais. Também adicionaria o componente político-administrativo. Como o país sempre foi vítima de grandes tragédias, sempre houve uma orientação da parte do governo de preparar a população para catástrofes assim. [...] Por último, eu apontaria o fator tecnologia e desenvolvimento econômico. Em um lugar como o Haiti não há preparação. O nível do investimento publico não chega nem de longe ao nível do investimento no Japão, com construções mais resistentes inclusive."

O professor viveu cinco anos no Japão e no segundo dia que estava no país vivenciou um terremoto. Ele conta que acompanhou o fluxo para fora do prédio e ficou observando atento como os japoneses se comportavam. No momento, a UnB tem vários estudantes brasileiros morando no Japão, e, segundo Ronan, todos estão bem após o tremor.

Confiança

O psicólogo e professor de japonês Marcos Hiroyuki Suguiura acredita que além do preparo para catástrofes, os japoneses são "educados para ter um comportamento social. Muito do que eles fazem é movido pela ideia de ‘vai ser bom pra mim, mas também para os outros’. O mais forte acho que é essa característica de pensar no outro, mesmo que possa fazer mal para si num primeiro momento."

Outro ponto importante, segundo Marcos, é a confiança de que a ajuda virá do governo. "Eles sabem que a ajuda vai vir da sociedade, que tem alguém olhando por eles, então eles confiam e esperam." Fonte: G1, em São Paulo-15/03/2011

Comentário: O que predomina no Japão é a formação familiar e a educação. Não existe o mais ou menos certo, isto é, o jeitinho brasileiro, que todo mundo admira, mas desestrutura o país quanto às leis, educação, etc. Aqui tudo termina em pizza.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Qualificação profissional e educação não garantem o futuro


Milhares de chineses desempregados visitam uma feira de emprego na cidade de Shenyang, nordeste da China. Concorrência para os trabalhadores qualificados nos Estados Unidos

Todo mundo sabe que a educação é um fator fundamental para o sucesso econômico. E todos sabem que os empregos do futuro exigirão níveis de qualificação cada vez mais elevados. Foi por isso que, ao dar uma declaração quando estava acompanhado do ex-governador da Flórida Jeb Bush, na última sexta-feira, o presidente Barack Obama afirmou: “Se nós desejarmos mais boas notícias sobre empregos, precisaremos investir mais em educação”. Mas há um erro em relação a esta verdade conhecida por todos.

No dia seguinte ao evento do qual Barack Obama e Jeb Bush participaram, o “The Times” publicou um artigo sobre o uso crescente de softwares para a realização de pesquisas na área de direito. Os computadores são capazes de analisar rapidamente milhões de documentos, realizando de maneira barata uma tarefa que antigamente exigia um batalhão de advogados e especialistas em direito. Neste caso, então, o progresso tecnológico está na verdade reduzindo a demanda por trabalhadores com alto nível educacional. E as pesquisas na área de direito não se constituem em um exemplo isolado.

Conforme o artigo observa, os programas de computador estão também substituindo engenheiros em certas atividades, como o design de chips. Falando de forma mais abrangente, a ideia de que a tecnologia moderna elimina apenas os empregos para trabalhadores não qualificados, e de que os profissionais de alta qualificação são os nítidos vencedores, pode prevalecer nas discussões populares, mas a verdade é que tal ideia está na verdade superada há décadas.

O fato é que desde mais ou menos 1990 o mercado de trabalho dos Estados Unidos caracteriza-se não por um aumento generalizado da demanda por qualificações, mas sim por esvaziamento de uma “zona intermediária”: o número de empregos de alta e de baixa remuneração têm crescido rapidamente, mas o daqueles de remuneração média – ou seja, aquele tipo de trabalho que sustenta uma classe média robusta – tem ficado para trás. E esse buraco no campo intermediário do mercado de trabalho tem aumentado continuamente: muitas das ocupações de alta remuneração que cresceram rapidamente na década de noventa têm crescido muito mais lentamente nos últimos tempos, ainda que o índice de empregos de baixa remuneração tenha se acelerado. Por que isso está acontecendo?

A crença de que a educação está se tornando cada vez mais importante se baseia na ideia aparentemente plausível de que os avanços tecnológicos resultam em um aumento das oportunidades de emprego para aqueles indivíduos que trabalham com informação – ou, em outras palavras, na ideia de que os computadores ajudam aqueles que trabalham com o cérebro, prejudicando ao mesmo tempo as pessoas que fazem trabalhos manuais.

Alguns anos atrás, porém, os economistas David Autor, Frank Levy e Richard Murnane argumentaram que esta era a forma errada de pensar a respeito dessa questão. Eles observaram que os computadores são excelentes para as tarefa que envolvem rotina, “tarefas cognitivas e manuais que são realizadas mediante o seguimento de regras explícitas”. Portanto, qualquer tarefa rotineira – uma categoria que inclui muitos empregos qualificados, não manuais – encontra-se na linha de fogo.

Por outro lado, os trabalhos cuja execução não se dá mediante o seguimento de regras explícitas – uma categoria que inclui vários tipos de trabalho manual, de motoristas de caminhão a zeladores de edifícios – tenderão a crescer mesmo com o progresso tecnológico. A questão fundamental é que a maioria do trabalho manual que ainda está sendo realizado na nossa economia parece ser de um tipo que é difícil de automatizar.

Notavelmente, com os operários respondendo por cerca de 6% do emprego nos Estados Unidos, não restaram muitos empregos nas fábricas para serem perdidos. Enquanto isso, muitos trabalhos qualificados que são atualmente realizados por profissionais de alto nível educacional e que geram um pagamento relativamente elevado poderão ser em breve computadorizados. O aspirador de pó robotizado Roomba pode ser engraçadinho, mas falta muito ainda para que tenhamos robôs atuando como zeladores de prédios. Mas a pesquisa computadorizada na área de direito e os diagnósticos médicos auxiliados por computadores já fazem parte da realidade atual.

Além disso, há a globalização. Antigamente, só os trabalhadores de fábricas precisavam se preocupar com a concorrência do exterior, mas a combinação de computadores e telecomunicações tornou possível o fornecimento de diversos serviços à distância. E as pesquisas dos meus colegas da Universidade de Princeton, Alan Blinder e Alan Krueger, sugerem que os trabalhos de alta remuneração feitos por profissionais de elevado nível educacional são mais fáceis de serem transferidos para o exterior do que aqueles desempenhados por trabalhadores de remuneração e nível educacional mais baixos.

Caso eles estejam certos, a tendência crescente de internacionalização dos serviços esvaziará ainda mais o mercado de trabalho dos Estados Unidos. Então, o que tudo isso nos diz a respeito de políticas públicas? Sim, nós precisamos consertar o sistema educacional dos Estados Unidos. Em especial, as desigualdades que os norte-americanos enfrentam logo no início – crianças brilhantes oriundas de famílias pobres têm uma probabilidade menor de concluírem um curso superior do que os crianças bem menos capazes, mas que são filhas de indivíduos ricos – não se constituem apenas em um escândalo; elas representam também um enorme desperdício do potencial humano do país.

Mas existem certas coisas que a educação não é capaz de fazer. Em especial, a ideia de que fazendo com que mais jovens cursem a universidade nós seremos capazes de restaurar aquela sociedade de classe média com a qual estávamos acostumados é inteiramente falsa. Ter um diploma superior não representa mais garantia de um bom emprego, e isso está se tornando cada vez mais verdadeiro a cada década que passa. Portanto, se quisermos uma sociedade na qual a prosperidade seja amplamente compartilhada, a educação não é a resposta – nós teremos que procurar construir tal sociedade diretamente.

Precisamos restaurar o poder de negociação que o trabalho perdeu nos últimos 30 anos, de forma que tanto os trabalhadores comuns quanto os super astros contem com a capacidade de negociar por melhores salários. Nós temos que garantir as coisas essenciais, em especial o acesso aos serviços de saúde, a todos os cidadãos. O que não conseguiremos fazer é atingir esse objetivo apenas dando diplomas universitários aos trabalhadores. Esses diplomas poderão representar cada vez mais a entrada em empregos que não existem ou que não pagam salários de classe média. Fonte: UOL Noticias – The New York Times - 08/03/2011- Paul Krugman 

Comentário: O autor tem certa razão. Podemos indagar no caso do Brasil, se o nível de educação superior está compatível com as necessidades do mercado do trabalho? O ensino superior está formando profissionais acima da capacidade que o mercado possa contratar, isto é a oferta é maior do que a demanda? Em todos os países industrializados o ensino superior é visto como peça fundamental para pesquisa e desenvolvimento, isso exige boa formação educacional do ensino médio, seleção,, etc. O ensino superior é o topo da pirâmide educacional nesses países, enquanto no Brasil, prevalece a lógica da proletarização ou popularização, com objetivo que todos têm acesso e o símbolo mais representativo é o retângulo. Atualmente, o país está crescendo, com um PIB superior a 7%, mas profissionais com curso superior ainda encontram grande dificuldade de ingressar no mercado de trabalho ou  mudar de emprego. Isto significa excesso de profissional, com a oferta de trabalho maior do que a demanda, o que significa baixos salários. O curso superior no Brasil tornou-se um desastre educacional, virou um diploma profissionalizante, a maioria está preocupado apenas com título para conseguir emprego ou aumento de salário.